Escola Freudiana de Belo Horizonte

Tema de Estudo 2024

Pulsão de morte: vozes e sombras na clínica contemporânea

Pulsão de morte é um conceito que carrega em sua própria urdidura o que Freud nomeou em 1920, como uma “tendência a retornar à um estado inicial de coisas”. Ele traz em seu âmago o fenômeno da repetição, tornando-se também um dos princípios fundamentais da psicanálise. Reelaborada através do tempo, em “O mal estar na cultura (1930 [1929]) e “Por que a guerra” (1933[1932]) a pulsão de morte adquire novos contornos quando é incorporado à dialética eros/destrutividade.

Neste momento, em 2024, vamos retomar a questão e pensar seus desdobramentos na clínica contemporânea. Levando em conta o fato clínico, construído pela linguagem, pelos afetos, e pela impossibilidade de acessar, o Outro, vale lembrar que, quando Freud seleciona seus textos metapsicológicos, dentre eles “As pulsões e seus destinos” (1915) eram plausível que o conceito contivesse uma abertura, um inacabamento, ou segundo ele próprio uma “certa indefinição”. Os tempos eram mesmo sombrios e indefinidos. Naquele período entre guerras, quando a modernidade mostrava sua face mais luminosa – industrial, artística e cultural -, o amalgama vida/morte ressoava mais do que nunca nos “narcisismos das pequenas diferenças” – vozes que anunciavam a salvação do mundo.   

Nos dias de hoje a questão retorna nos moldes de uma estética das velocidades quando os representantes pulsionais se infiltram nas narrativas e se enlaçam à dinâmica da vida contemporânea. O pano de fundo são as novas tecnologias comunicacionais que põem em discussão a presença analista /analisando mediados pelas câmeras e outros gadgets. Diante disso, como lidar com os efeitos dos algoritmos e da inteligência artificial? É possível considerar uma nova ética ou uma nova  exegese para a clínica psicanalítica, algo que contemple a diversidade sexual, a ameaça das guerras atômicas e cibernéticas, ou os  sintomas que anunciam o esvaziamento da subjetividade e trazem à tona os signos de um eu narcísico que se consome nos próprios objetos de suas identificações? Estas e outras questões poderão ser feitas por aqueles que se interessam pela clínica psicanalítica na contemporaneidade.

Maria Barcelos
Coordenação “Estudo com Freud e Lacan”

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